Adaptações de livro sempre me deixam um pouco receosa. Essa coisa de você ter uma certa liberdade com o enredo sempre acaba tirando os diálogos que eu mais gosto ou as cenas que eu mais gostaria de ver na tela dos cinemas. Mas Com Amor, Simon, apesar de suas pequenas divergências com o livro, conta a história de uma forma tão poética quanto Becky Albertalli fez em seu livro. O filme não só conseguiu passar muito bem a ideia do livro, como fez com que eu me apaixonasse novamente por esse enredo maravilhoso.
Para quem ainda não sabe sobre o que é esse filme, eis aqui uma breve explicação: Com Amor, Simon é a adaptação do livro Simon vs. a Agenda Homo Sapiens, lançado no Brasil pela Intrínseca em 2016. O filme conta a história do Simon, um adolescente comum que esconde um grande segredo: ele é gay. Quando Martin, um garoto idiota da sua escola, descobre sua troca de e-mails com o misterioso Blue, Simon precisa fazer de tudo para que seus segredos não sejam revelados, inclusive ceder as chantagens de Martin.
Se você é do grupo de pessoas que não chegou a ler o livro e vai entrar na sala do cinema pensando que esse é mais um filme sobre “ser gay”, eu já vou te avisando que você está completamente enganado. Um dos motivos de Com Amor, Simon ter conquistado o meu coração foi o fato de que Greg Berlanti (Diretor) conseguiu manter a essência da história, que não é sobre o fato do Simon ser gay ou não, mas sim sobre a coragem que você precisa ter para dizer quem você é para o mundo.
Com Amor, Simon tem um enredo muito mais profundo do que a maioria das pessoas provavelmente está esperando. Simon é um personagem comum, como eu e você. Parando para analisar, a vida dele não tem realmente “problemas” e seus melhores amigos são todas pessoas muito maravilhosas. O único real problema do protagonista é esconder de todo mundo quem ele realmente é, o que faz com que seja muito fácil que o espectador se identifique com ele, afinal, todo mundo um dia já escondeu um segredo.
Nick Robinson foi um Simon muito mais maravilhoso do que eu poderia esperar. A atuação de Robinson trouxe uma leveza muito interessante para o personagem, tornando-o mais real para quem estava assistindo o filme. Mas o sucesso de Com Amor, Simon não cai apenas nas mãos do protagonista. Jennifer Garner e Josh Duhamel, que interpretam os pais do personagem, foram um apoio muito bom para que a gente pudesse aprofundar mais na relação entre personagem principal e a sua família. Diferente do livro de Albertalli, no filme eu senti que o Simon era muito mais próximo da sua família e isso foi um ponto muito positivo.
O papel do Martin ficou nas mãos de Logan Miller e eu acho que ele entregou muito bem o personagem. Tudo bem que, no filme, o Martin é muito mais irritante do que ele é no livro. Sua personalidade evoluiu um pouco mais para aquele estereótipo de “cara desajeitado”, e por mais que eu não goste de estereótipos, eu acho que encaixou até que bem no enredo. Outra mudança que eu também gostei foi a da Leah, interpretada pela Katherine Langford. No livro, Leah é uma personagem que eu não gostei muito por causa das suas atitudes, mas no filme sua personalidade foi muito mais suavizada e ficou muito mais fácil gostar dela desse jeito.
Eu gostei muito do relacionamento do Simon com o Blue, que era a minha maior preocupação quando soube da adaptação desse livro. Porém, para a minha surpresa, eles conseguiram captar exatamente a essência do relacionamento dos dois, sem deixar que o filme se tornasse mais um romance de troca de e-mails. Nesse ponto, eu tenho que parabenizar os roteiristas de Com Amor, Simon, que conseguiram captar o melhor de cada parte do livro de Albertalli e traduzir para a tela do cinema. Eu fiquei realmente muito feliz com o resultado.
Agora, apesar de eu ter amado demais todo o filme e estar louca para ir no cinema assisti-lo mais de uma vez, o que roubou mesmo o meu coração foi a trilha sonora desse filme. Troye Sivan, Amy Shark e Bleachers são apenas alguns nomes dos artistas que compõe uma das melhores trilhas sonoras de filmes adolescentes da história desse cinema. Eu realmente estou impressionada em como eles conseguiram encontrar músicas que se encaixavam perfeitamente no enredo.
Com Amor, Simon é o tipo de filme que todo mundo deveria assistir. Eu fiquei muito feliz de ver que, assim como eu, todas as outras pessoas que estavam no cinema na mesma sessão que eu, também se envolveram com o filme e com aqueles personagens. O resultado final dessa adaptação foi muito mais do que eu esperava e eu posso garantir que vocês não vão se arrepender de ir no cinema assistir!