E se eu falar para vocês que eu gostei mais dos personagens do livro do que do romance em si, vocês vão ler essa resenha até o final? Não é segredo para ninguém que Os Ravenels virou a minha série favorita de romance de época e que eu conto os dias, conto as hora para ter o próximo livro nas minhas mãos, mas Um Acordo Pecaminoso se mostrou muito mais interessante não por causa do romance e dos ótimos diálogos, mas sobre as questões que ele levanta.
De todos os personagens, a Pandora sempre foi a minha favorita desde o primeiro livro. Eu realmente me identifiquei com esse espírito livre dela e o desejo que ela tinha de ser dona do próprio destino. Os romances de época tem uma mania muito grande de criar protagonistas que querem ser independentes mas pouco fazem pra isso realmente acontecer e, diferente de tudo, a Pandora realmente coloca a mão na massa e corre atrás do que ela realmente deseja.
“Essas moças excluídas são criaturas perigosas. É preciso cautela para se aproximar delas. Ficam sentadas quietinhas, nos cantos, parecendo abandonadas e desamparadas, quando na verdade são sereias capazes de levar homens à derrocada. Você não vai nem perceber o momento em que uma delas roubar seu coração de dentro do peito… e então será dela para sempre. Uma moça deixada de lado nunca devolve seu coração.”
Lisa Kleypas teve um enredo bem complicado nas suas mãos. Apesar dos diálogos fluírem muito bem, em alguns pontos do livro a narrativa acabou se tornando bastante cansativa. Os protagonistas entravam nas mesmas discussões de novo e de novo, como se aquele problema estivesse sendo levantado pela primeira vez. Tenho pra mim que, apesar do livro ser muito bom, a autora não soube administrar muito bem toda a liberdade que ela deu para a própria protagonista.
Nesse terceiro livro eu também senti falta de um envolvimento maior dos Ravenels na vida da Pandora. Eu sei que ela tinha personalidade única e que tomaria as decisões por si, independente do que as outras pessoas a aconselhassem, mas eu acho que, pela forma como eles lidaram com o noivado da Helen no segundo livro, eu estava esperando que o Devon fosse se intrometer mais nos acontecimentos, ou que Helen fosse tentar interferir a favor da irmã – o que não precisou já que todo mundo ficou estranhamente “de acordo” com como as coisas de desenvolveram.
Eu gostei muito de conhecer mais sobre o passado da família. Theo é um assunto que ainda abala muito as moças Ravenels e tivemos a oportunidade de conhecer mais sobre o pai de Pandora e como realmente era a relação entre eles. É bastante compreensível, depois desse ponto do livro, o desejo da Pandora de perseguir o seu sonho de ser uma empresária de sucesso. Depois de tudo o que ela viveu, eu também não ia querer deixar a minha sorte na mão de um possível bom marido.
“Uma mulher sempre nos surpreende com o que é capaz. Você pode passar a vida inteira tentando descobrir o que a empolga, o que a interessa, mas nunca vai conseguir saber tudo. Há sempre mais. Toda mulher é um mistério, não para se compreender, mas para se apreciar.”
O que me leva a questão feminista do livro. De todos os romances de Kleypas esse foi o que mais questionou as convenções sociais da época relacionadas ao casamento. Os argumentos de Pandora tinham fundamentos muito bem formados, fazendo com que Gabriel criasse uma grande empatia pela situação que ela estava vivendo. O fato do relacionamento deles ter sido construído na base do respeito pelos desejos da Pandora de ser dona da própria vida foi algo muito positivo para me ajudar a vê-los como um casal.
Preciso confessar que o romance em si, não me comprou. Eu achei muito legal a base que a autora usou para construir a confiança entre eles, mas honestamente? Eu esperava uma química muito mais intensa do que Kleypas entregou nesse romance. Eu sempre espero que um romance de época me envolva na química dos protagonistas, mas Um Acordo Pecaminoso só pecou nesse quesito, o que talvez tenha contribuído muito para eu achar o resto do enredo um tanto cansativo.
“– Você é tão linda… tão preciosa para mim… Não estou lhe pedindo sua rendição. Estou lhe oferecendo a minha. Tem que ser você, Pandora… apenas você… pelo resto da minha vida. Case-se comigo… Diga que vai se casar comigo.”
A verdade é que Kleypas acertou em alguns pontos e deixou a desejar em outros, mas eu não posso julgá-la por isso. Pandora era uma personagem difícil de desenvolver por conta dos seus desejos e Gabriel era um herói complexo porque apesar de ele ser um libertino, ele não era exatamente um libertino. Aliás, para um homem que estava prestes a se casar com uma noiva que ele mal conhecia, ele estava extremamente tranquilo e disposto a conquistar Pandora desde que colocou os olhos nela.
Eu mal vejo a hora de colocar as minhas mãos no próximo livro dessa série. Lisa Kleypas criou uma família muito fácil de você se apaixonar e querer que todos sejam felizes. Espero que no próximo livro eu consiga ver mais de Pandora e Gabriel e ver como o relacionamento deles está desenvolvendo. Quem sabe, não é?
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