Desintegrados é o segundo livro da série Fragmentados, que vem sendo publicada no Brasil pela Editora Novo Conceito desde 2015. A série se passa num futuro em que os conflitos em relação aos direitos reprodutivos escalaram a ponto de ser tornarem uma verdadeira guerra.
Afim de pôr um fim a esse conflito, o governo aprova uma lei que determina que a vida é intocável a partir da concepção até o momento em que a criança atinge 13 anos de idade. Dos 13 aos 18 anos, os pais têm o direito de enviarem a criança para ser “fragmentada”, ou seja, desmembrada por procedimentos cirúrgicos e ter seus órgãos disponíveis para transplantes.
Os protagonistas do livro são 3 jovens que são enviados para a fragmentação. Connor, um jovem problemático que foge de casa para escapar da fragmentação; Risa, uma pianista prodígio que vive sobre a tutela do Estado que é mandada para um dos campos de fragmentação graças a um corte no orçamento; E Lev, cuja família faz parte de uma religião em que o costume é oferecer o décimo filho para a fragmentação como uma espécie de dizimo para Deus.
Os caminhos de Connor, Risa e Lev se cruzam em um momento caótico em uma estrada, e os três se tornam fugitivos. Agora, o caminho que precisam cruzar para conquistarem o direito de viverem vai ser bem mais complicado do que qualquer um deles jamais imaginou.
A descrição aqui em cima é mais focada no primeiro livro da série, pra evitar spoilers e tal, mas essa resenha é sobre o segundo livro. Então caso não queria saber nada sobre a série antes de ler Fragmentados, eu sugiro ler o livro antes da resenha, ok? Vocês só precisam saber que Desintegrados foi uma leitura que me impactou muito e superou muito as expectativas que eu tinha sobre essa série.
Fragmentados é um daqueles livros que a gente vê nas livrarias ou nos sites, e sempre pensa que parece ser legal, mas não chega a comprar, por algum motivo qualquer. Eu até comentei com a Débora que eu fiquei surpreso quando soube que Fragmentados foi lançado em 2015, porque jurava que tinha visto o livro muito antes disso. Mas finalmente peguei pra ler, e olha, devia ter lido muito antes.
A série mostra muito bem como um sistema terrível se estabelece quando a população simplesmente não se manifesta. O conceito geral do livro pode parecer um pouco viajado, e é mesmo, mas o autor sabe explorar o universo que ele criou de uma forma que a ideia não parece tão absurda. E ele consegue trabalhar a ideia da fragmentação maravilhosamente, e mostra a fragmentação como um fenômeno cultural complexo, explorando tanto o lado moral, quanto o religioso e até o econômico de um processo desse tipo.
Os personagens são muito bem construídos, todos os 3 protagonistas são introduzidos de uma forma que estabelece bem a jornada que cada um deles vai passar. Tanto Connor, quanto Risa e Lev sofrem uma transformação incrível ao longo dos livros e é muito bem ver o quanto eles crescem e evoluem com os acontecimentos da história. Até os personagens secundários, por exemplo Hayden, Roland, e no segundo livro, Cam, são bem escritos pra caramba, e acrescentam muito para a história.
Um dos pontos mais legais do livro é como ele liga pontos diferentes da história. O autor introduz detalhes no começo do primeiro livro que acabam sendo significantes só no final do segundo. Isso não só força o leitor a prestar ainda mais atenção do que o normal na história, mas também lembra a gente de que nessa história, todas as ações têm consequências.
Mas o maior elogio que eu posso dar para esse livro é que ele trata de um assunto complicado sem simplificar ele demais. O autor apresenta os diversos pontos de vista sobre a fragmentação (e consequentemente sobre o aborto) sem parecer que ele está forçando as próprias opiniões no leitor. Além disso, ele mostra o que acontece quando deixamos nossas opiniões sobre esse tipo de discussão sair do controle. É um tipo de nuance que eu não vejo sempre em literatura distópica YA.
Porque eu demorei tanto para ler Desintegrados, e a série Fragmentados como um todo, eu não sei. Só sei que superou toda e qualquer expectativa que eu tinha e que eu já estou aguardando o próximo livro (Novo Conceito, por favor, não espera dois anos pra lançar o próximo livro não, tá?)
Já leram a série Fragmentados? Conta pra gente nos comentários!
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