Gosto bastante de thrillers, e quando a premissa de A Mulher Entre Nós me prendeu os olhos por tempo o suficiente, a vontade de ler surgiu e ficou. Na verdade, a capa já me chamou a atenção, para início de conversa. O livro, escrito por Greer Hendricks e Sarah Pekkanen, me serviu como prova de que algumas pessoas provavelmente estão destinadas à escrita conjunta. As reviravoltas bem posicionadas ao longo do livro acabam por transformar o relacionamento e as vidas de Vanessa e Emma em algo totalmente instigante.
De um lado há Vanessa, uma ex-mulher que, até determinado ponto do livro, pode ser lida como inconformada com o término e um pouco louca. Do outro, Nellie, uma doce e jovem noiva, professora de educação infantil, se preparando para as novidades da vida de casada. No centro de tudo, há Richard, mais velho, o homem perfeito, que sabe se portar em qualquer situação e por quem é impossível não se apaixonar. Ingredientes perfeitos para um enredo de tirar o ar.
“Richard não pode casar de novo.
Começo a fazer os preparativos. Da próxima vez que a encontrar, vou estar pronta.”
Uma parte considerável do início do livro não me causou muita empolgação, mas foi apenas até eu entrar no ritmo. O livro é narrado por diferentes pontos de vista: Vanessa e Nellie dividem as páginas do livro e, por conta disso, temos a chance de compreender cada lado, aos poucos ganhando um quebra-cabeças para montar ao longo da leitura. Descobrir quem é bom ou quem é ruim se torna uma tarefa difícil ao longo das páginas, pois como a própria sinopse nos avisa, assumir coisas não é uma opção quando o assunto é A Mulher Entre Nós.
É uma leitura rápida, pois os capítulos são bastante curtos. Ainda assim, é o suficiente para que as informações não fiquem faltando. Há muita tensão durante a leitura, as coisas apenas acontecem rápido e vários flashbacks aparecem ao longo do texto, o que requer uma atenção extra durante a leitura. É uma prova de que nem toda leitura rápida, fluida, possa ser desprovida de atenção.
Senti falta, sim, de conhecer mais sobre os personagens: me peguei querendo entender mais sobre cada um, até sobre Richard, a quem peguei aversão logo no início da história, provavelmente contrariando o fluxo que de impressões causadas por Vanessa, que se mostrava um estorvo na vida do novo casal, tentando impedir a união. No entanto, essa mesma falta de profundidade é compreensível, uma vez que a proposta do livro não parece ser essa (apresentar personagens com profundidade, permitindo análises cuidadosas), e sim a de fazer a história ser ativa e prender a atenção do leitor, como ocorreu comigo.
“Mesmo quando não estou presente, estou sempre com você.”
Mais uma vez, citando a contracapa, ao ler, muitas suposições são feitas, sim. E tenho até medo de falar sobre elas aqui, porque muito pode contar como spoiler. Mas, por fim, uma das minhas primeiras suposições estava correta – acredito que por não ser exatamente uma novidade, especialmente em thrillers do gênero-, mas não estragou o final para mim. O livro possui uma história (três, na verdade) bem estruturada e bem executada. Uma leitura rápida e proveitosa, principalmente para quem gosta do gênero.
A Mulher Entre Nós é o resultado de um casamento literário entre duas autoras que deu certo, que desestabiliza a gente daquele velho costume de apostar em um final, em uma verdade sobre a história, por serem várias opções – muitas inimagináveis. O inimaginável não é impossível, claro, e pensar nele não estraga a leitura; livros que nos deixam ativos são deliciosos.
Para quem gosta de tensão, um bom suspense, e quer gastar algumas horas preso a um livro até chegar na última página, fica a recomendação. E, por favor, quem já leu, vem discutir comigo, porque não posso dar spoiler, mas esse livro mexeu comigo.