Sempre que a Ellie se envolve em uma nova confusão eu fico me perguntando se a minha vida aos 22 anos era tão agitada assim. Nesta hilária continuação de Virgem, a nossa protagonista está explorando sua sexualidade através de encontros casuais e perfis em sites de relacionamento e assim como toda garota que acabou de descobrir o sexo, ela tem muitas dúvidas, muitas aventuras e muitas situações constrangedoras para contar.
Sanghani tem um jeito único de dar vida a sua protagonista. Uma das coisas que eu mais gosto é a autora não medo de abordar assuntos como masturbação e relacionamentos complicados e que faz isso de uma maneira tão leve e descontraída que é praticamente impossível você não se envolver com o enredo. É muito gostoso você ler um livro que trata a sexualidade feminina de um jeito tão normal e divertido ao mesmo tempo.
“- Ellie. Nada disso merece que você perca sua noite de sábado. Os caras não se importam com pelos pubianos nem com cheiros… eles simplesmente tem sorte quando conseguem chegar lá embaixo.”
Nessa continuação, Ellie já não é mais uma garota virgem como no primeiro livro, mas o caminho pela estrada do sexo ainda é longo e, incentivada pelas suas amigas, ela acaba encontrando nos sites de relacionamento uma maneira mais simples de conhecer caras dispostos a um relacionamento casual. O problema é que a Ellie não é exatamente uma pessoa simples (se você leu o primeiro livro, vai entender o que eu estou falando) e a sua mania de acabar obcecada pelas coisas acaba por colocar a nossa protagonista nas situações mais inusitadas.
Acredito que Ellie tenha amadurecido muito mais nesse livro do que no anterior. A insegurança por causa da sua aparência e falta de experiência continua sendo um constante na vida dela, mas pelo menos conseguimos trabalhar sua personalidade egoísta de uma forma um pouco mais positiva desta vez. Eu realmente estava começando a ficar preocupada que ela fosse focar todas as suas energias nos seus encontros casuais e esquecer completamente dos seres humanos que ela chama de amigos.
Preciso confessar também que eu achei a protagonista um tanto quanto chata nesse livro. Eu consigo entender que ela tem 22 anos e que acabou de descobrir toda uma vida sexual e que ela quer, desesperadamente, ter histórias para contar, mas o fato de ela não respeitar o seu próprio tempo e ignorar completamente o que acontece a sua volta me deixou irritada várias vezes. Na verdade, os motivos pelos quais ela fugia de alguns caras eram, em sua maioria, muito superficiais.
“- Ellie? – A porta abriu-se e Ollie surgiu na minha frente. Eu estava de pernas abertas na cara dele. Larguei o vibrador, que pulou de dentro de mim zumbindo e caiu sobre a coberta.”
O ponto positivo desse livro é que, por conta dessas suas atitudes imaturas e aleatórias, Ellie é obrigada a encarar grandes mudanças na sua vida de frente. O fato da sua coluna não ser mais anônima e todo mundo acompanhar a sua vida amorosa de perto, como se fosse uma novela. E claro, vindo de uma família tradicional, isso não foi muito bem aceito pelos pais dela e nem pelos caras sobre quem ela estava escrevendo. Eu achei muito engraçado como o ego masculino foi sensivelmente bem retratado nesse livro (risos).
Acho que nesse segundo livro, Sanghani resolveu confrontar muito mais a importância que a Ellie dá para a sua sexualidade do que a sexualidade em si. É interessante ver como a protagonista se sente pressionada quando o assunto é sexo e, como ela constantemente se compara com as pessoas a sua volta tentando atingir padrões e objetivos que ela criou na própria cabeça. A parte mais interessante disso tudo é que Ellie é apenas um reflexo da insegurança que todas as mulheres tem pelo menos uma vez na vida.
Os caras que ela conhece ao longo do livro também são um ponto interessante de se observar. Nós temos diferentes figuras masculinas, com diferentes gostos, o que quebra um pouco essa ideia de que homens querem sempre a mesma coisa. Também é legal ver como a protagonista lida com essas diferenças, principalmente com aquelas que a tiram da zona de conforto. Além disso, o livro mostra bastante que é muito difícil navegar nessa vida de relacionamento, já que ninguém é igual e cada um reage de um jeito.
Nada Fácil faz jus ao seu nome, porque a busca de Ellie pelo tão sonhado orgasmo é uma das coisas mais engraçadas do livro. Eu achei muito legal a forma como Sanghani abordou o assunto em meio aos acontecimentos do enredo, sem tabular ou mistificar o assunto, mas colocando ele da maneira como ele é, difícil, quase impossível. Ver a Ellie navegar por isso meio que tira um pouco dessa pressão que existe em cima da mulher em relação ao sexo.
O mais novo livro de Sanghani é uma leitura maravilhosa e divertida. Eu me diverti bastante lendo virgem e me identifiquei muito mais com a protagonista em Nada Fácil. É muito bom quando você encontra uma personagem que não está tendo o melhor sexo da vida dela na primeira vez, como acontece nos romances de época. E é bom ter um romance que não é exatamente um romance, mas que aborda relacionamentos da maneira complexa que eles realmente são. Mal posso esperar pelo próximo livro!