Existe uma squad de autoras de romance de época que eu amo de paixão e Mary Balogh, definitivamente faz parte desse time incomparável de escritoras. Sua nova série, Clube dos Sobreviventes, chegou aos leitores brasileiros para mostrar que ela não é só uma escritora maravilhosa, mas também é capaz de criar os enredos mais interessantes e os melhores diálogos que uma apaixonada por romances de época como eu poderia querer. Uma Proposta e Nada Mais é o primeiro livro desta nova série e seus personagens não deixam a desejar. Com um enredo criativo e personagens inteligentes, este novo romance de Mary Balogh vai ser a melhor leitura que vocês poderiam colocar na estante.
Clube dos Sobreviventes me lembrou bastante de O Clube dos Canalhas, da Sarah Maclean, exceto pelo fato de que neste caso não temos uma casa de jogos, mas sim um grupo de pessoas unidas pela dor. Podemos esperar personagens atormentados de dor, culpa ou até mesmo arrependimento, tudo o que compõe um bom romance de época e revela heróis e heroínas ainda mais interessantes. No caso de Uma Proposta e Nada Mais, primeiro livro da série, conhecemos Gwen e Hugo, dois personagens que perderam muito ao longo da vida e que buscam uma forma de continuar com suas vidas solitárias.
“- Todos nós precisamos ser amados, Gwendoline, de uma forma plena e incondicional.Mesmo quando carregamos o fardo da culpa e acreditamos não merecer amor. “
Quando eu li a sinopse de Uma Proposta e Nada Mais, eu realmente achei que iria entrar num livro bastante mórbido e cheio de personagens tristes, mas eu me esqueço que estamos falando de Mary Balogh, a mesma mulher que criou o carrancudo duque de Bewcastle e, ao contrário do que eu esperava, Balogh me convidou para um universo de personagens inteligentes e diálogos que me prenderam até a última página. Sua escrita está ainda melhor do que na sua primeira série publicada aqui, Os Bedwyns. A forma como o enredo se desenvolve é maravilhosa e, eu fiquei muito feliz de perceber que a autora não poupou capítulos para dar profundidade aos seus personagens principais.
Eu estou particularmente apaixonada por Gwen. Eu sei que em romances de época, nós normalmente gostamos de heroínas que são impulsivas ou românticas apaixonadas, mas Gwen tem uma personalidade racional interessante, que foi me conquistando aos poucos ao longo do livro. Eu gosto muito do fato de ela tomar decisões pensadas, de ter sempre certeza do que quer e nunca se arrepender. De todas as heroínas de romances que eu li até hoje, essa foi a primeira personagem realmente madura e disposta a considerar os dois lados da balança na certeza de tomar a decisão correta, e eu adorei essa personalidade dela.
Hugo, por outro lado, foi um personagem bem mais complexo do que eu imaginava. Ele carrega as dores de alguém que lutou numa guerra muito sangrenta e que viu muitos dos seus homens morrerem. Embora ele não tenha perdido nenhuma pessoa próxima, ele carrega nos ombros a decisão que causou a morte de muitos soldados e, embora as pessoas o considerem um herói, ele não consegue se ver dessa forma. Eu gostei muito de Balogh não tenha tratado a personalidade dele como algo superficial e nos tenha dado a chance de conhecer a fundo o homem por trás do “herói de guerra”. Uma vez que você entende Hugo como personagem, não se apaixonar por ele fica impossível.
“- A senhora não é, de forma alguma, o tipo de mulher que busco para ser minhas esposa – disse ele. – E faço parte de um universo muito diferente do marido que espera encontrar. Mesmo assim, sinto um poderoso desejo de beijá-la.”
O que eu mais gostei no romance de Uma Proposta e Nada Mais é que os personagens não ficam naquele jogo insano de negar a atração que sentem um pelo outro. Pelo contrário, logo quando se envolvem, Hugo e Gwen tem consciência do sentimento que está nascendo entre eles, mas o que os faz dar um passo de cada vez é o fato de virem de mundos completamente diferentes. Apesar de ser um lord, Hugo é filho de comerciantes e não teve a educação da alta sociedade, ao contrário de Gwen, que foi criada como uma verdadeira dama.
Eu gostei muito da forma como ambos escolheram lidar com seus sentimentos. Apesar de estarem loucamente apaixonados um pelo outros, Hugo e Gwen são pessoas racionais e preocupadas com o próprio coração e, por isso, eles se deram a chance de se conhecerem melhor, de cada um ter a oportunidade de explorar o mundo do outro, para então eles decidirem se valeria a pena arriscar tudo o que tinham construído até então para ficarem juntos. E quando a decisão final é tomada, você tem certeza de que eles fizeram a escolha certa por saberem balancear tão bem a razão e o coração.
“E assim, decisões de grande importância eram tomadas, pensou ela. De forma impulsiva, sem devida consideração. Com o coração, em vez de usar a cabeça. A parti de um impulso sem levar em conta uma vida inteira de experiência e moralidade.”
Mary Balogh simplesmente ganhou o meu coração com esse livro, sério. E eu não costumo gostar muito de primeiros livros, sabe? Talvez o enredo de Uma Proposta e Nada Mais não agrade todos os leitores por causa desse cuidado racional que Balogh colocou no enredo, mas eu acho que estava mais do que na hora de a gente fugir um pouco daquele enredo engessado que nós já conhecemos. Eu, particularmente, mal posso esperar para os próximos livros serem lançados no Brasil. Eu sinto que essa série ainda promete romances maravilhosos.
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