Tudo Aquilo que Nos Separa, que foi publicado recentemente pela Record, é escrito pela Rosie Walsh. O livro, que demonstra ser recheado de romance, drama e mistério, é o primeiro escrito por ela sob seu próprio nome – a autora possui outros quatro livros, publicados sob o pseudônimo de Lucy Robinson. Sendo o primeiro livro a carregar seu nome, ainda que não sendo sua estreia oficial nas prateleiras, há de se atribuir um peso e responsabilidade especial à publicação. Munida de curiosidade em saber o que seria o “tudo” a separar o casal da trama, e qual seria o mistério da vez, mergulhei de cabeça na leitura.
Antes de tudo, falemos das aparências do livro, que possui uma capa consonante com o título atribuído em português. Essa capa possui um pouco mais informação visual do que as outras versões, e o título daqui, assim como nas outras versões, sofreu alterações fortíssimas de acordo com a interpretação da história – normal. Temos Ghosted (US), The Man Who Didn’t Call (UK) e nossa versão que, segundo a autora, é sua versão de título favorita.
“— Não acho que o amor deva ser uma explosão. Não acho que deva ser dramático, cheio de sofreguidão, nem nada dessas bobagens que dizem os músicos e escritores. Mas acho que, quando acontece, nós sabemos.”
Se observarmos bem, cada tradução mostra um peso diferente sobre a história e essa curiosidade me é muito interessante. Tudo Aquilo Que Nos Separa, entretanto, traz uma ideia de distância mútua, mais nas mãos do destino e acasos, ao passo que The Man Who Didn’t Call e Ghosted responsabilizam personagens de forma mais direta. Minha leitura foi da versão de prova, então não sei dizer quais alterações foram feitas na versão final.
Às vezes, o problema de mergulhar de cabeça em uma leitura, é que a gente bate com a cabeça por não encontrar profundidade o suficiente, ou apenas não consegue um mergulho satisfatório. Ambas as coisas aconteceram comigo, e vou explicar os motivos. A premissa da história é interessante, me fez querer ler e esse já é um excelente começo. Ler sem vontade é bastante ruim, então havia um ponto a favor. O casal, Sarah e Eddie, se conhece de maneira inusitada e passa uma semana inteira junto, no maior amor. E depois disso, o cara simplesmente desaparece sem vestígios deixados.
Dessa mesma semana romântica, surge uma paixão avassaladora, visceral e arrebatadora. Tudo estaria certo, aceitável, não fosse o fato de que foi rápido demais e que a Sarah, cegamente apaixonada pelo Eddie (oi, sumido!), tem toda uma vida estruturada e experiências passadas. Em relação aos protagonistas da história, não me convenceram muito, pois me pareceram pouco desenvolvidos – e o não desenvolvimento de um atrapalhou o do outro. Apenas não me soou convincente, natural.
“— Sarah, acho que me apaixonei por você. Isso é ir longe demais?Suspirei.— Não. É perfeito.Ambos sorrimos. Tínhamos dado um passo num caminho sem volta.”
A narrativa de Walsh é um pouquinho arrastada, ela se prende muito a detalhes que acabam desviando a atenção dos acontecimentos principais. O conjunto narrativa, personagens e trama não me agradou muito: voltando à questão do título, realmente, há muita coisa separando o casal principal. Muitos acontecimentos os separando, mas que também não me convenceram, de forma alguma. E o final, então, foi um misto de previsível com incredulidade pelo itens que surgiram. O mistério inserido na história, que circula o desaparecimento de Eddie, vai sendo desfiado ao longo da trama por meio de acontecimentos esquisito que vão surgindo.
Talvez eu esteja sendo chata, insensível, e não tenha conseguido entrar no clima da história. Foi, no entanto, realmente incômodo fazer a leitura que, de maneira totalmente não pessoal, me deixou desconfortável. Senti que estava forçando a barra ao continuar acompanhando a trama de personagens que não me cativaram, ou seguindo rumos de uma história que não me prendeu de maneira alguma. E sinto tristeza por estar falando isso, assim como espero, também, que pessoas tenham gostado da leitura, honestamente.
É péssimo quando embarcamos em uma viagem literária de cabeça e saímos de mãos abanando, somente com coisas negativas a dizer sobre a experiência, não? Se você já leu Tudo Aquilo Que Nos Separa, por favor, vem conversar comigo! Preciso de outras opiniões, ou saber se preciso dar uma segunda chance ao livro em outro momento. Se não leu, o que você sabe a respeito? Lembrando, leitura é uma experiência individual e subjetiva, por isso, não ignorem e escolham livros apenas porque as resenhas dizem mil coisas boas ou ruins.